Guto Brant

Produzido pelo próprio compositor em parceria com Kristoff Silva, a oitentista Mal & Bem adere a estruturas de gêneros dançantes da era pós-disco, como o synth-funk e o boogie.

Seu videoclipe, dirigido pela Raval Filmes e contando com participações especiais surpreendentes (como a do suíço-brasileiro Paulo Tiefenthaler, o ator/diretor mineiro Chico Pelúcio, e as artistas Efe Godoy e Sara Não Tem Nome), retrata, como na canção, uma cena suburbana brasileira onde, em uma mesma esquina, convivem lado a lado uma igreja e um bar.

Estendendo à tela as ideias contidas na faixa, Mal & Bem é um videoclipe pop, dançante e oitentista, e um filme que, fundamentalmente, apresenta a reinterpretação de um antagonismo cabal que marca a contemporaneidade.

Mal & Bem foi lançada em Outubro de 2022.

Ainda que escrita e produzida sob a influência do gênero que se popularizou no Brasil na primeira metade do século XX, Na Vida, A Vida É Quem Sabe O Que Faz é uma marchinha de carnaval alternativa e inusual. Seu arranjo, composto por uma colagem de instrumentos processados e samples, estabelece uma ambiência provocadora, que leva o ouvinte a ponderar se escuta a canção em si ou o som do ambiente onde outro alguém escuta a canção.

A letra, uma ode ao caráter incoercível e incontrolável da vida, viria a profetizar o próprio destino da faixa que, escrita e gravada em um quarto de hotel em um único dia, surpreenderia em seu lançamento ao atingir números impressionantes de execuções no TikTok (+60M), atingindo a terceira posição do Top musical brasileiro da plataforma, atrás apenas dos dois maiores hits do Carnaval de 2023.

Na Vida, A Vida É Quem Sabe O Que Faz foi lançada em Fevereiro de 2023.

Pombália é o nome do EP de cinco faixas que Guto escreveu e produziu durante a pandemia. A temática do disco gira em torno das incongruências da nação brasileira e, através de diferentes recortes, suas canções denunciam o acirramento do caos social causado pela condução de políticas desastrosas e os desafios de uma geração desamparada.

O nome, um neologismo, vem do apelido do apartamento, em Belo Horizonte, onde Guto mora e compôs, produziu e gravou sozinho o EP no último ano, em total isolamento. Além disso, o termo poderia ser mais um jeito de chamar o Brasil, representando o que seria o “reino da miscelânea ou o lugar da desordem”, nas palavras do artista.

“Por meio de uma perspectiva hauntológica, as canções pintam um Brasil que é atormentado pelos capítulos sombrios de sua história que não foram devidamente encerrados”, explica.

O conceito da hauntologia — cunhado pelo filósofo francês Jacques Derrida — também se aplica esteticamente ao EP, que recorre ao uso de "objetos" da memória cultural para representar uma certa persistência do passado. Guto usou trechos de reportagens, ruídos captados direto de fontes analógicas (fitas, discos de vinil, sintetizadores) para chegar à sonoridade digitalmente sulcada em Pombália.

“Os trechos instrumentais, por mais que em alguns momentos soem como se tivessem sido extraídos de discos antigos, foram praticamente todos compostos e gravados agora. São ideias musicais criadas justamente a partir do resgate de linguagens de outras épocas”, rebobina Brant.

Das cinco faixas do EP, duas ganharam videoclipes: Um Sopro, com uma animação criada pela dupla DoideraTV e posteriormente premiada nos festivais Bizarrya Short Film Festival (Portugal) e Big Muddy Film Festival (Estados Unidos); e a canção Sem Farol, com clipe dirigido por Vitor Meuren. Sem Farol foi premiada nos festivais MADRIFF (Espanha), BARCIFF (Espanha), Moinho Cine Fest (Portugal), Bogotá Music Video Festival (Colômbia) e Brasilia Online Short Film Festival (Brasil).

Pombália foi lançado em Julho de 2021.